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sexta-feira, 6 de abril de 2012

OUTONO


                                                                     
                  O outono chegou espantando das ondas os meninos  do surf,  desfolhou as árvores, despetalou as flores e desfez nós dois! Caminhando na praia deserta,  senti-me assaltado por um  inútil romantismo, que só tem razão de ser pela companhia que me faz!  Da  areia  espio o calçadão, de onde vinhas no teu jeito inconfundível de andar, preenchendo de alegria e de conforto esse  Itararé , que  hoje oferece um lote de solidão inteirinho para quem quiser. Nesse calçadão,onde antes desfilavam seres, as vezes estranhos seres, se expondo  num sumário fio dental, hoje abundam as flores moribundas, a se esconderem entre a gramínea das beiradas.  Me pego pensando que deveria ter tirado uma  xérox  autenticada  de ti , para  sempre te carregar comigo!
 Paro  em uma das mesinhas onde os aposentados costumavam jogar damas nas tardes de sol, e meus carinhos, agora aposentados compulsoriamente  dos teus, tomam forma nesses escritos na vã  tentativa  de amenizar a tua ausência.  Algumas poucas e tristes gaivotas, catavam detritos trazidos pelo mar, e eu mais triste que elas, buscava migalhas dispersas, de lembranças de quando estávamos juntos. Um gavião espantou as gaivotas, assim como o outono recém chegado, como um predador, assustou as  minhas ilusões de verão!  E lá  ia eu, na cegueira  dos solitários, sem  a  guia de tuas mãos amigas, olhando a paisagem na tentativa de esquecer de ti, como se fora possível esquecer a vida! No gonzaguinha , o indômito oceano extravasa  a sua ira contra os paredões da calçada, descontente com  as palavras do poeta, ou quem sabe,zangado com a perda de suas sereias,entrega-se a ressaca, e ai  me veio à lembrança de teus olhos,deslumbrados diante o fenômeno!   Ah, outono! Estação, de onde partiu, talvez para sempre, o trem da minha esperança!

Odair Flores                                                                                 

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